Para-béééns a vo-cê, nesta daaaa-ta que-ri-da…
Obrigado, obrigado. Pois sim, no dia 13 de janeiro de 2023, o carteiro virtual tocou a campainha duas vezes e entregou a primeira das “Cartas Perigosas”. De lá para cá, tivemos uma edição por mês e algumas edições extras. Nem consigo acreditar. Foi difícil manter a periodicidade, principalmente nos momentos ruins (que não foram poucos no ano passado), mas o retorno dos leitores fez todo o esforço valer a pena. Então aqui vai meu agradecimento sincero às 157 pessoas que assinam esta humilde newsletter :)
É pique, é pique, é hora, é hora, é hora…
Ok, o pessoal já deve ter entendido que estamos comemorando.
O clima aqui é sempre meio baixo astral, então quis dar uma alegrada.
Como assim, “sempre meio baixo astral”?
No Natal você publicou um conto sobre um matador que grava o próprio nome à faca na testa de uma vítima.
A newsletter não se chama “Cartas Perigosas” à toa. Você queria o quê? Mário Sérgio Cortella?
Quem sabe alguma coisa mais otimista?
Não trabalhamos com otimismo. O negócio aqui é perdição.
Ah, você vai pedir que eu escreva sobre “Indiana Jones e o Templo da Perdição”?
Não. Mas falar sobre Indiana Jones estava nos planos, não é mesmo? Lembro de ter comentado algo nesse sentido quando fui ao cinema assistir “A Relíquia do Destino”. Bem, fica pra outra ocasião. A perdição a que me refiro aqui é outra, não tem nada a ver com templos de cultos malignos onde corações são arrancados de vítimas indefesas ao som de uma batucada empolgante.
Janeiro, época de férias, daqui a pouco tem carnaval, e você falando nessa tal perdição.
Eu gosto de me perder por aí. Lembrei agora de algo que James Ellroy escreveu na introdução do livro “The Best American Noir of the Century”: “O Noir… canoniza a inerente compulsão humana para a autodestruição”, e complementa, “perdição é diversão”.
Deixa eu contar uma coisa. Uma noite dessas, anos atrás, sonhei que participava de um bate-papo numa livraria de Bagé - RS. Não lembro de quem estava junto, mas o camarada e colega escritor Gustavo Czekster era um dos presentes (na plateia ou no palco, não sei). Então, um homem armado entrou na livraria e começou a atirar contra os debatedores (talvez fosse algum assunto polêmico?). Eu fui baleado no peito e senti a morte chegando. O Gustavo me socorreu e eu disse pra ele minhas últimas palavras: “morrer é engraçado”. Corta para um momento seguinte, e observo (do além?) o Gustavo narrando a história no meio de um grupo. Muito empolgado, ele disse algo como: “bem morte de escritor mesmo, as últimas palavras foram morrer é engraçado”.
O que isso quer dizer?
Não sei. Mas é uma boa história, não? Talvez seja catártico acompanhar uma história de destruição ou autodestruição. Como o Gustavo vibrando no sonho ao narrar meus últimos momentos (o que deve ter muito mais a ver comigo do que com ele). É bom deixar claro aqui que estou falando de ficção, do campo da fantasia. Não há nada de engraçado ou divertido na morte e na destruição aqui no mundo real. Mas, falando em realidade, talvez essas histórias nos ajudem a lidar com a dureza da vida e com o inevitável fim de todos nós. Sei lá.
Há quem prefira uma comédia romântica.
Sem dúvida. Não existe aquela expressão, “de amarga já chega a vida”? Falando nisso, um sorvete cairia bem agora. Ou álcool, drogas ilícitas… (brincadeirinha haha).
Que beleza de conversa pra um início de ano. E garanto que isso tudo tem a ver com o que você trouxe hoje, né?
Claro :) Volta e meia alguém me pergunta sobre a escrita de roteiros para Histórias em Quadrinhos. Então achei que poderia ser uma experiência interessante publicar aqui um roteiro original ainda não desenhado para mostrar a formatação que uso (os roteiros de quadrinhos não têm uma formatação padronizada como os de cinema), as informações e instruções que costumo incluir, referências, coisas assim. Meus roteiros são bem livres, com muito espaço para o desenhista criar em cima deles. Os quadrinhos são uma arte coletiva, afinal.
A história a seguir faz parte de um projeto chamado “Vinhetas Sombrias”. Na segunda edição de Cartas Perigosas, publiquei uma história finalizada desse projeto, “A Dama de Espadas”, que conta com a arte fantástica de Lu Vieira.
Em “Tem que deixar rolar”, juntei referências do jazz e do cinema noir (as referências para os protagonistas são o músico Thelonious Monk e a atriz Lauren Bacall, como vocês podem ver ao fim do arquivo) com um toque de Hemingway e uma pitada de canastrice nos diálogos (algo que aprecio haha). O resultado vocês podem conferir agora.
E então, conseguiram visualizar bem a história? Como vocês imaginaram as páginas? Espero que tenham gostado da experiência :)
Colocar essas carinhas sorridentes não vai fazer a newsletter ficar menos baixo astral.
Ok, então vou colocar um Cthulhu: /|\(;,;)/|\
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Muito obrigado pela atenção.
Até a próxima,
Cesar
Parabéns! que venha a segunda temporada :)